sábado, 16 de maio de 2009

ENTRE AS COISAS...


Esperando um coração fugidio

para amar...

Arrastando folhas e outonos...

verões azul-mar.

Contabilizando dores

esquecendo amores...

esperando o dia em

que tudo será euforia...


Tabuleiro decifrado

Antes do final do jogo...

sábado, 2 de maio de 2009

Konstantinos Kaváfis




Este poeta grego nasceu em Alexandria.Sua poesia é repleta de referências mitologicas da Grécia antiga.É curioso notar que a poesia de Kaváfis só foi publicada em livro postumamente. Poucos a conheciam durante sua vida. Ele imprimia folhas soltas com poemas e as distribuía entre amigos. A obra também não é extensa: são apenas 154 poemas — o suficiente para colocar o autor na condição de poeta mais significativo do modernismo grego.




À ESPERA DOS BÁRBAROS
O que esperamos na ágora reunidos?


É que os bárbaros chegam hoje.


Por que tanta apatia no senado?


Os senadores não legislam mais? É que os bárbaros chegam hoje.


Que leis hão de fazer os senadores?


Os bárbaros que chegam as farão.


Por que o imperador se ergueu tão cedo e de coroa solene se assentou em seu trono, à porta magna da cidade?


É que os bárbaros chegam hoje.


O nosso imperador conta saudar o chefe deles.


Tem pronto para dar-lhe um pergaminho no qual estão escritos muitos nomes e títulos.Por que hoje os dois cônsules e os pretores usam togas de púrpura, bordadas,e pulseiras com grandes ametistas e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?


Por que hoje empunham bastões tão preciosos de ouro e prata finamente cravejados?


É que os bárbaros chegam hoje, tais coisas os deslumbram.


Por que não vêm os dignos oradores derramar o seu verbo como sempre?


É que os bárbaros chegam hoje e aborrecem arengas, eloquências.


Por que subitamente esta inquietude?(Que seriedade nas fisionomias!)


Por que tão rápido as ruas se esvaziam e todos voltam para casa preocupados?


Porque é já noite, os bárbaros não vêm e gente recém-chegada das fronteiras diz que não há mais bárbaros.


Sem bárbaros o que será de nós?


Ah! eles eram uma solução.

Fernando Pessoa