segunda-feira, 5 de janeiro de 2009


Pessoas posto aqui um poema de Adriano Espínola ,talvez ele seja a voz mais atual na poesia cearense e quiça nacional.Indico dele os livros "Táxi","Beira-Sol" e "Fala Favela".


Prateleiras


Entro no supermercado da esquina.

Os objetos olham para mim,

extasiados,

dentro do carrinho de mão vermelho,

esmaltado de água mineral,

ao lado de brancas garrafas de leite,

tabletes de caldo de galinha Knorr,

creme de barbear Williams etc.


De que dependem?

do meu jeito.

Depois de alguns dias,

os objetos em casa envelhecem,

se quebram,se vão.

Fico numa de traído,enganado.

(mas volto outra vez ao supermercado.)


Então descubro o logro:

A vida em mim é que é infiel

marca breve.


Os objetos,não:

estes se renovam

esplendidamente nas

prateleiras.


*livro: "Outras praias".

Um comentário:


Fernando Pessoa